A importância de se definir o importante *Por Paulo Kretly

foto nova África_webO cenário é bastante comum, para não dizer corriqueiro: o profissional chega ao escritório, liga o computador e abre o programa de e-mails. A enxurrada de correspondências virtuais diárias toma praticamente todo o tempo da manhã, às vezes até o período da tarde. Entre as coisas urgentes e desnecessárias, o que realmente pode fazer a diferença no dia, na semana ou no mês dentro da organização, ou seja, o que é realmente importante, em muitos dos casos acaba por ser relegado para segundo, terceiro ou quarto planos. Mas por quê?

Infelizmente, a maioria dos profissionais – e aqui podemos abordar aqueles de praticamente todas as áreas – e também das pessoas de um modo de geral não adquire o saudável hábito de gerenciar bem o seu tempo e, mais do que isso, as suas escolhas. A pressão por resultados e respostas rápidas e precisas, seja do chefe ou dos clientes, faz com que o urgente se torne cada vez mais na rotina empresarial como prioritário e agente do “bom serviço prestado”. Sendo assim, neste sentido é comum que se caia em armadilhas, cedo ou tarde.

Mas que tipo de armadilhas os profissionais podem cair quando optam por apenas resolver questões urgentes? Acredito que seja algo bem simples e direto de se responder. Trabalhar somente no chamado “piloto automático”, uma vez que em grande parte das situações o que é considerado urgente, ou no jargão popular “para ontem”, pode ser resolvido sem muito planejamento, estratégia e, mais do que isso, em outro determinado momento do dia que se esteja mais tranquilo.

Sabemos que todos aqueles que trabalham precisam, cada vez mais, ser profissionais multidisciplinares, ou seja, desenvolver a capacidade de realizar inúmeras tarefas praticamente ao mesmo tempo. Como a concorrência no atual mercado de trabalho é acirrada, se faz necessário que todas essas atividades interrelacionadas sejam executadas com o máximo de eficiência possível. Porém, é público e notório que nem sempre conseguimos atingir um nível de excelência, seja para os gestores, para os clientes ou para nós mesmos, dentro de nossa autocrítica.

Neste contexto, realmente é bastante importante traçar metas, objetivos e, acima de tudo, estratégias que consolidem a posição de destaque deste profissional dentro da empresa. No trabalho que realizamos na FranklinCovey, hoje uma das principais consultorias especializadas na melhoria da eficácia corporativa e pessoal em todo o planeta, desenvolvemos o mais recente programa de gerenciamento chamado As 5 Escolhas para uma Produtividade Extraordinária que visa justamente colocar em discussão a questão do bom gerenciamento das escolhas que fazemos no dia a dia.

Dentro destes conceitos, há um tópico inteiro dedicado à importância de se definir as ações mais importantes como diferencial real para o ganho de produtividade dentro da empresa e para a própria satisfação profissional e pessoal. Segundo pesquisa coordenada pela própria FranklinCovey em todo mundo, com 350 mil pessoas em diversos países, constatou-se que 70% de nosso tempo nós usamos para atividades urgentes ou para aquelas que realmente são, de fato, totalmente irrelevantes dentro do contexto corporativo.

Percebe-se, então, que as pessoas têm demonstrado uma disposição maior em trabalhar no “piloto automático” ao invés de dirigirem suas vidas e carreiras em busca da inovação e do extraordinário. Pela minha experiência, uma vez que a cultura inovadora seja permeada no seio empresarial, todos têm a ganhar. Por isso que os cases de maior sucesso recentemente são as startups, um fenômeno corporativo que ganhou o mundo. Ano passado, por exemplo, a brasileira Peixe Urbano (de compras coletivas) foi eleita a melhor startup internacional pelo conceituado The Crunchies Award, uma das mais importantes premiações do setor.

Quando conseguimos um tempo para a inovação dentro do ambiente de trabalho, fazemos um exercício de comprometimento com a empresa. Neste caminho, se faz extremamente necessário aumentar, gradativamente, o percentual de 30% (segundo a pesquisa da FranklinCovey) dedicado a buscar ideias que realmente possam revolucionar ou, em termos mais diretos, causam impacto dentro da companhia. Porém, como fazemos isso sem que a rotina do expediente seja comprometida? Talvez uma palavra explique muito bem toda esta questão: disciplina. Precisamos saber dosar nosso tempo e nossas escolhas em prol daquilo que, no final das contas, nos trará satisfação pessoal e profissional.

Porque toda e qualquer pessoa sabe que quando uma ideia própria é colocada em prática e os resultados desta ação começam a aparecer, seja na forma de indicadores de performances nas organizações ou mesmo na satisfação de outras pessoas que “compraram a sugestão”, o prazer de quem confabulou a estratégia é inigualável. Gosto muito, para explicitar, da frase do escritor inglês William Shakespeare, que diz: as ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade. Independentemente se for uma grande inovação ou uma mudança sutil em um procedimento, por exemplo, é necessário que a ideia seja expressa. Guardar para si pode fazer a empresa perder ganhos e você se sentir frustrado.

Nunca que o velho e batido ditado “separar o joio do trigo” foi tão bem empregado. Tirar uns minutinhos do dia para trocar ideias com seus colegas de trabalho – sem a rigidez de uma reunião clássica – é tão, ou até mais, importante do que responder aquele e-mail que pode ser respondido umas duas horas depois, por exemplo. E criar na empresa a cultura do brainstorm diário ou semanal é uma das alternativas mais viáveis, onde gestores podem sentir a necessidade de seus colaboradores e, juntos, buscarem as melhores soluções.

Por fim, termino com uma grande citação do genial cientista alemão Albert Einstein que afirmava que a mente que se abre para cada ideia nova jamais voltará a seu tamanho original. Mais do que nunca as boas ideias são fundamentais para que se obtenha sucesso profissional e maior contentamento pessoal. Aqueles que mantêm a mente focada na inovação, na busca pelo extraordinário, trazem para si um ganho inestimável. Mirem-se nos exemplos das pessoas que, de uma ideia simples, conquistaram o mundo!

* Paulo Kretly é presidente da FranklinCovey Brasil e reconhecido palestrante em liderança, gestão e produtividade pessoal e interpessoal, é especialista em gerenciamento do tempo e vem cativando milhares de pessoas e organizações que o procuram com o desejo de manter suas vidas pessoal e profissional equilibradas.

Mulher – um sexo nada frágil *Por Karine Pansa

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 08 de março nos leva a uma breve retrospectiva da evolução de nosso papel na sociedade. Esta comemoração iniciada na Rússia, graças às reivindicImageações femininas pela igualdade social, melhores condições de trabalho e o fim dos abusos, marcou o início da Revolução de 1917. É com muita clareza que se pode concluir que há tempos, a ideia de sexo frágil ou submisso não cabe no contexto do mundo atual. Escrevo este artigo direto de Nova Iorque, em uma reunião da American Publishers Association, e fico feliz com o número de mulheres presentes a este importante encontro.

As mudanças são visíveis. A figura feminina está na liderança dos principais países europeus e pela primeira vez aqui no Brasil. Está à frente da Academia Brasileira de Letras, inserida em importantes postos no mercado de trabalho e, também nas universidades. Apesar de todo esse avanço o desafio é equilibrar amor, filhos e família, com carreira e outros inúmeros afazeres. Nós mulheres somos flexíveis e hoje lutamos por nosso espaço, sinônimos de inspiração.

Em meio a tantas tarefas – que se dividem entre as relações interpessoais, a casa, o trabalho e o tempo para si – a “supermulher” ainda tem um papel muito importante: incentivar o hábito de ler dos filhos. Eu como mulher, presidente do Instituto Pró-Livro e mãe de dois queridos, também exerço um grande papel de incentivadora de leitura em minha casa. Não porque os livros fazem parte do meu trabalho, e sim porque penso que a leitura é a mais rica fonte de conhecimento e desenvolvimento.

Porém, como em casa de ferreiro o espeto é de pau, eu luto com as minhas crianças para que elas curtam o momento de leitura. Mesmo sendo uma editora de livros infantis me sinto, muitas vezes, incapaz de estar em sintonia com seus interesses! As crianças de hoje vivem em mundos tão distintos daquele que nós imaginamos que fica difícil acertar o que lhes agrada.

Segundo a última edição da pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) em 2012, ao Ibope Inteligência, as mães estão entre as principais incentivadoras do hábito de ler dos filhos (43%) e, só têm uma pequena desvantagem perante os professores (45%). Não é a toa que a pesquisa ainda aponta que a idade em que os leitores mais leram na vida é até os 14 anos, representando 35% – fase em que, além da escola, os pais exercem muita influência sobre a educação dos filhos.

Toda essa influência está atrelada ao exemplo. Ainda de acordo com a pesquisa, a frequência com que os leitores sempre viam a mãe lendo em casa é de 22%, contra apenas 13% dos pais. Assim como o índice de leitura é maior entre as mulheres com 57%, contra 43% dos homens que são leitores.

É importante que, mesmo com a correria do cotidiano, essa cultura familiar e o exemplo dentro de casa continuem. O hábito criado desde a infância, até mesmo desde o útero da mãe, tende a não ser quebrado no futuro e, assim, passado para outras gerações. E, mesmo com os desafios pessoais, não podemos desistir desta importante tarefa.

O Instituto Pró-Livro gostaría de homenagear todas nós mulheres, que além de cuidarem de centenas de coisas, ainda exercem um papel que, direta ou indiretamente, pode fazer do mundo um lugar melhor. Esperamos que a figura feminina continue a ser essa referência, de fato uma inspiração, não só para os filhos, mas para a sociedade.

*Karine Pansa, Presidente do Instituto Pró-Livro e da Câmara Brasileira do Livro